Mais robustas, com o pescoço menor ou mais finas. Há um tipo de garrafa certo para cada armazenar as mais diversas variedades de vinhos

Ao tirar as garrafas de vinho da adega, você nem imagina quanta história há por trás desse simples recipiente. Para chegarmos nos modelos atuais houve todo um processo de mudança e aperfeiçoamento que iniciou lá na época dos grandes Impérios caminhando até a Revolução Industrial.

O vinho é uma bebida consumida desde a Antiguidade, mas o armazenamento sempre foi um problema. Na Idade Média ele era feito em tonéis de madeira, porém quando abertos, a bebida entrava em contato com o ar e estragava mais rápido.

Voltando um pouco na história, na época dos impérios Romano e Grego, a guarda era feita em vasilhames de couro, barro ou cerâmica. Naquele tempo, era comum adicionarem conservantes aos vinhos para tentar impedir que estragassem, mas isso alterava o sabor.

Por volta dos anos de 1600, o vidro começou a ser utilizado na produção de garrafas, mas elas eram mais finas e assim quase não resistiam ao transporte.

Com a chegada da Revolução Industrial o vidro, mesmo que com um custo alto, começou a ser produzido em larga escala. Ou seja, isso é considerado um marco na adaptação das garrafas de vinho. Fabricadas em série, elas ficaram mais resistentes ao manuseio favorecendo a conservação e o comércio do vinho, por exemplo.

A anatomia de uma garrafa

Já ouviu falar que vinho bom se reconhece pela profundidade do buraco no fundo da garrafa?

Bom, essa teoria pode ser meio furada. A cavidade em questão tem a função de dar mais resistência à garrafa. Pois ela ajuda a suportar a pressão de fermentação, no caso de espumantes, e também de empilhamento, quando o vinho precisa ficar envelhecendo.

Outra questão é facilitar na hora do serviço. Além disso, as garrafas também possuem gargalo, pescoço, ombros, bojo e base. Conforme o formato, essas partes variam. Às vezes mais longas, mais estreitas ou robustas. Continue a leitura para entender um pouco mais sobre cada tipo de garrafa.

As cores das garrafas

Cada produtor escolhe a cor da garrafa em que irá armazenar o vinho. Geralmente elas são verdes, azuis, âmbar ou transparente, por exemplo. Quando o fabricante opta por uma cor mais escura, como a verde, por exemplo, ele está protegendo o vinho da luz. Ou seja, e assim proteje a bebida de reações químicas que possam oxidar a bebida.

Mesmo dentro da garrafa, o vinho continua sofrendo reações químicas que podem ser benéficas na evolução de sabores e aromas. Às vezes, a opção pela cor também pode ser por uma tradição da vinícola ou ter a ver com a região onde ela está instalada.

No caso das garrafas de vinho transparentes, elas geralmente são usadas no envase de brancos ou roses, pois eles têm menos compostos antioxidantes. Assim, o consumidor consegue ver a cor do vinho e muitas vezes é atraído por ela na hora da compra.

Geralmente este tipo de envase é feito em vinhos de consumo mais rápido, pois como eles ficam mais expostos à luz, há risco de deterioração.

Tipos de garrafas de vinho

Todas as garrafas de vinho são iguais? A resposta é não. Existem pelo menos cinco tipos diferentes, cada um de acordo com o formato.

Geralmente pela garrafa é possível saber em qual região o vinho foi produzido ou a qual estilo ele pertence.

Garrafa Bordeaux

Essa garrafa é a mais encontrada no mercado, usada na maioria dos tintos e brancos. Os lados são paralelos, os ombros altos e o fundo côncavo. Também é chamada de standart. Foi criada na região de Bordeaux, na França, e por isso tem esse nome.

Garrafa Borgonha

Acredita-se que esse é o estilo mais antigo de garrafa de vinho. A Borgonha foi criada no século 19, na região francesa de mesmo nome. Ela é mais robusta e tem um pescoço mais longo. A maior utilização é para armazenar vinhos feitos de Pinot Noir e Chardonnay, uvas da mesma região.

Garrafa Alsácia

As garrafas Alsácia são mais estreitas e foram criadas para atender os produtores de vinhos Riesling. Posteriormente os feitos com uva Gewurztraminer também começaram a ser armazenados nelas. Uma curiosidade é que o formato mais fino foi pensado para facilitar o transporte dos vinhos pelos navios. Assim, era possível alocar o maior número de garrafas.

Garrafa Rhône

Parecida com a Borgonha, a Rhône tem os ombros mais angulares. A origem desta garrafa está na região de Côtes du Rhône, na França, e ela é muito utilizada para armazenar vinhos Syrah.

Garrafa Champagne

As garrafas de Champagne foram criadas na França. Com o fundo côncavo, as paredes mais grossas e o formato ovalado, a função era uma. Aguentar a pressão provocada pelo gás carbônico durante a segunda fermentação, realizada dentro da própria garrafa. Hoje ela é usada para armazenar champagnes e espumantes feitas pelo método tradicional de fermentação (champenoise) ou não (charmat).

Os tamanhos das garrafas

Você sabia que as garrafas de vinho ganham nomes diferentes conforme a capacidade de armazenamento? Além do modelo padrão, que tem 750 ml há outras:

• Piccolo: 187 ml.
• Demi ou meia garrafa: 350 ml.
• Jennie: 500 ml (comum para vinhos de sobremesa).
• Magnum: 1,5 L.
• Jeroboam ou Magnum Dupla: 3 L.
• Matusalém: 6 L.
• Modecai ou Salmanazar: 9 L.
• Baltazar: 12 L.
• Nabucodonosor: 15 L.
• Melquior: 18 L.
• Salomão: 20 L (somente utilizada para champagnes).

Curiosidades

Há três teorias sobre o porquê das garrafas de vinho padrão armazenarem 750 ml. Uma de que era a capacidade pulmonar dos sopradores de vidro.

Outra que é a quantidade de consumo diário de uma pessoa ou de duas (no caso de uma refeição) e a terceira, e mais aceita, tem relação com o comércio entre França e Inglaterra no século 19.

Os franceses utilizavam o litro como medida e os ingleses o galão imperial, ou seja, o equivalente a 4,54609 litros. Os vinhos eram transportados de Bordeaux em barris de 225 litros, ou seja, cerca de 50 galões.

Para facilitar as contas, os comerciantes optaram por garrafas de 750 ml, porque assim os litros se transformariam em 300 garrafas.

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